Por Mário Medaglia
Fiquei dois anos sem participar como jornalista dos Jogos Universitários Brasileiros. Voltei agora, em Goiânia, para trabalhar na cobertura das equipes da Fundação Catarinense do Desporto Universitário, e fiquei preocupado com o que constatei nos onze dias em que estive ao lado da delegação do meu estado.
A partir de 2011, em Campinas, acabou a parceria entre a CBDU (Confederação Brasileira do Desporto Universitário) e o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). O acordo era renovado a cada ciclo olímpico, e a partir de 2012 a CBDU optou por retomar a organização dos JUBs.
Segundo a CBDU, o COB não repassa o valor correspondente a 5% da Lei Piva (em torno de R$ 8 milhões, em 2012), destinados ao desporto universitário. Mas paga as despesas dos Jogos mediante prestação de contas.
A primeira consequência foi a diminuição de recursos e da visibilidade do evento, com o fim da cobertura da Globo e da Sportv. O centro de imprensa, montado em uma sala diminuta, sem equipamentos e coordenado por jornalistas inexperientes, não ofereceu condições de trabalho para os profissionais e para atendimento da grande demanda na busca por informações atualizadas. O site da CBDU esteve sempre atrasado, inconcebível com os recursos hoje disponibilizados
Felizmente para os atletas – muitos de seleções brasileiras -, não houve grandes transtornos no desenvolvimento da maioria das dez modalidades, a não ser para a natação, com a etapa final disputada simultaneamente com uma competição local, o handebol e o basquete masculino, programados para locais inadequados.
O complexo esportivo do Sesi supriu bem as necessidades da natação, judô, futsal e voleibol, basquete 3×3 e o vôlei de praia. O atletismo contou com uma pista sintética na PUC.
Os conflitos e obstáculos estão na concepção dos Jogos. A maioria das federações universitárias sobrevive de doações e patrocínios escassos. Sem a força política e a grife do COB, aumentaram as dúvidas e inquietações sobre o futuro dos JUBs.
Situação recorrente é a superioridade das instituições particulares de ensino. Poucas universidades federais e estaduais se fazem representar. A impressão é que não há prática esportiva no ensino público.
Também é danosa e limitadora para as equipes, a concorrência com competições estaduais e de ligas, e a má vontade de alguns dirigentes de federações. A prioridade é determinada por eles, por eventuais patrocinadores ou pelas próprias universidades, que sustentam com bolsas parciais ou integrais atletas de diversas modalidades.
Na sua próxima realização de avaliação a CBDU terá que encarar essa realidade se quiser evitar o esvaziamento gradual do seu maior evento.
Mário Medaglia é jornalista esportivo em Florianópolis
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