segunda-feira, 11 de novembro de 2013

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Por que dever�amos torcer por Darrell Wallace Jr (07/11/13-11h42)

Se você está lendo esse texto, gosta de automobilismo e, muito provavelmente, é brasileiro. Então, há uma boa chance de, na falta de alguém com uma identificação clara, você escolher algum piloto brasileiro para torcer. Como torcer por Miguel Paludo na Truck Series da Nascar. Nada errado. Paludo tem um desempenho consistente, pode ajudar a abrir espaço a mais brasileiros se aventurarem na Stock norte-americana. Mas reserve um pouco de sua atenção para Darrell Wallace Jr., que venceu sua primeira prova na categoria há dez dias.

Ao vencer a Kroger 200, em Martinsville, Darrell Wallace Jr tornou-se o segundo negro na história a vencer uma prova nacional da Nascar. Claro, é raro ver negros no automobilismo em geral, mesmo no Brasil e na Europa. Sinal de uma sociedade que ainda está longe de ser economicamente igualitária como deveria. Mas o piloto da Joe Gibbs tem um papel maior para sua categoria, pois pode servir de meio de exorcizar fantasmas do passado e tentar retomar o crescimento.

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Wallace Jr é filho de mãe negra e pai branco. Nasceu em Mobile, Alabama, e cresceu em Concord, Carolina do Norte, cidade onde fica o autódromo de Charlotte. É o coração do mundo Nascar, mas também é uma região conhecida pelos Estados Unidos como uma das mais racistas do país. Ele teve de enfrentar problemas devido à cor de sua pele, mas venceu várias provas em categorias regionais e foi incluído no programa Drive for Diversity, em que a Nascar tenta incentivar o crescimento de jovens de minorias étnicas.

É um tema delicado. Justamente por ter força e origem em uma região tida como racista, a Nascar luta para mostrar a imagem de uma categoria diversificada, que não é apenas “coisa de branco”. E parte desse esforço se deve a equívocos lamentáveis que ela própria cometeu no passado.

A vitória de um negro só teve um precedente na história: em 1º de dezembro de 1963 (ou seja, completará 50 anos em três semanas), Wendell Scott foi o primeiro a cruzar a linha de chegada no Speedway Park de Jacksonville, Flórida. Ele estava duas voltas à frente de seu perseguidor mais próximo, Buck Baker. No entanto, a organização anunciou Baker como o vencedor. Apenas dois anos depois a Nascar colocou Scott como vencedor daquela prova, e o troféu só foi entregue em uma cerimônia em 2010. A família do piloto teve de recebê-lo, pois Scott havia morrido 20 anos antes.

Por isso o resultado de Martinsville foi tão simbólico. É a Nascar dando novos passos para tentar apagar os erros do passado, e ainda mostrar ao público norte-americano que corrida de carros não é apenas “coisa de branco”. Fatores fundamentais para interromper a queda de público e audiência e retomar o crescimento do começo da década passada.


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